Engana-se quem acha que Missão Integral é uma esquisitice inventada por uns teólogos da América Latina. Missão integral, como muito bem definiu a Rede Miquéias, “não é somente uma questão de que o evangelismo e o envolvimento social devam ser feitos concomitantemente. Ao invés disso, na missão integral a nossa proclamação tem conseqüências sociais ao motivarmos as pessoas a amarem e se arrependerem em todas as áreas da vida.
O nosso envolvimento social tem conseqüências evangelísticas ao testemunharmos a graça transformadora de Jesus Cristo. Se ignorarmos o mundo, traímos a Palavra de Deus que nos envia para servir o mundo. Se ignorarmos a Palavra de Deus, não teremos nada para levar ao mundo. A justiça e a justificação pela fé, o louvor e as ações políticas, a transformação no âmbito espiritual, material e pessoal, e as mudanças estruturais devem caminhar juntas. Assim como vimos na vida de Jesus, o ser e o fazer estão no âmago da nossa tarefa integral.”
René Padilla, um dos pais dessa teologia/movimento, sempre enfatizou em seus escritos e palestras a encarnação de Cristo no âmbito da missão, ou seja, que a Palavra de Deus se fez homem: aculturou-se, já que o homem é um ser cultural. Assim Deus se colocou ao alcance dos homens. Devemos considerar a importância do contexto histórico, político e social da vida e ministério de Jesus, bem como seu envolvimento com todas as esferas do ser humano.
A conseqüência clara disso é que não é possível entender nem comunicar o evangelho sem referência à cultura. Agir assim é o mesmo que mutilar a Palavra, reduzindo-a a uma mensagem tendenciosa e de alcance apenas espiritual, de ação estreita, sem relevância para a complexa vida do ser humano.
O evangelho é o resgate da humanidade e, com ela, da história, da cultura, da economia, da política e das relações sociais. O Reino de Deus é ao mesmo tempo o resgate do homem e a instauração de uma nova sociedade.
“Quando a igreja leva a sério o fato de que foi chamada para ser ‘boas-novas’ e que cada aspecto de sua vida e missão pode contribuir, direta ou indiretamente, com a evangelização e quando tira vantagem do potencial evangelístico de tudo que ela é e faz, então a igreja experimenta uma renovação extraordinária e causa um impacto permanente em seu contexto sociocultural”. Orlando Costas
Em suma, Missão Integral tem a ver com inserção total na sociedade. Nada pode escapar aos olhos e à ação da igreja, como nada escapou aos olhos e à ação de Jesus.
E o que isso tem a ver com a arte?
Penso a arte não como um fim em si mesma. Há quem a veja assim. Gosto de vê-la como parceira na realização da missão – que é o âmago da vida de toda a igreja, ou melhor, de todos nós – o Reino chegou! Sob a perspectiva da missão integral devemos compreender a arte como uma expressão engajada e oferecida para a sociedade. Uma linguagem comunicada para a humanidade e não uma linguagem alienada da vida em sociedade. A arte que serve à missão é a arte que nasce na cultura, entre o povo, linguagem prenha de inquietudes e emoções.
A música cristã, principalmente a que se ouve na igreja hoje, é basicamente “transplantada” de outras culturas e outros contextos históricos, quer nos meios protestantes históricos quer nos pentecostais ou nos neo-pentecostais. A ênfase destas, via de regra, recai sobre assuntos escatológicos e a piedade individual. Há uma completa alienação em relação aos assuntos do cotidiano e as questões sociais, políticas, ecológicas, etc.
Precisamos caminhar no sentido de produzir uma arte que seja o resultado de uma reflexão sobre os aspectos da vida comum do homem do século XXI, sob uma perspectiva cristã e não meramente uma reflexão religiosa.
Fico imaginando o quanto poderíamos contribuir para a sociedade com manifestações artísticas que tratassem de temas como ecologia, violência, segregação racial, política, relações conjugais, namoro, criação de filhos, governo, justiça social, paz, ocupação das terras e tantos outros assuntos que são temas da Palavra de Deus. No entanto, ainda reduzimos o Evangelho a salvação de almas e a adoração, no sentido mais estreito que se possa imaginar, da alienação emocional e do distanciamento da vida como um todo.
Esse é um tema muito abrangente. É necessário que os artistas cristãos se abram para essa realidade.
Carlinhos Veiga é casado com Cláudia Barbosa e é pai de Pedro, Anna Carolina e Cezar. Pastoreia a Igreja Presbiteriana do Lago Norte em Brasília. Ligado à missão Mocidade Para Cristo há mais de 20 anos, faz parte do seu Conselho Diretor. Também participa na diretoria nacional da Fraternidade Teológica Latino-Americana. Músico, compositor e violeiro, tem 6 CDs solos gravados. Seu trabalho é voltado ao resgate da cultura brasileira.
O nosso envolvimento social tem conseqüências evangelísticas ao testemunharmos a graça transformadora de Jesus Cristo. Se ignorarmos o mundo, traímos a Palavra de Deus que nos envia para servir o mundo. Se ignorarmos a Palavra de Deus, não teremos nada para levar ao mundo. A justiça e a justificação pela fé, o louvor e as ações políticas, a transformação no âmbito espiritual, material e pessoal, e as mudanças estruturais devem caminhar juntas. Assim como vimos na vida de Jesus, o ser e o fazer estão no âmago da nossa tarefa integral.”
René Padilla, um dos pais dessa teologia/movimento, sempre enfatizou em seus escritos e palestras a encarnação de Cristo no âmbito da missão, ou seja, que a Palavra de Deus se fez homem: aculturou-se, já que o homem é um ser cultural. Assim Deus se colocou ao alcance dos homens. Devemos considerar a importância do contexto histórico, político e social da vida e ministério de Jesus, bem como seu envolvimento com todas as esferas do ser humano.
A conseqüência clara disso é que não é possível entender nem comunicar o evangelho sem referência à cultura. Agir assim é o mesmo que mutilar a Palavra, reduzindo-a a uma mensagem tendenciosa e de alcance apenas espiritual, de ação estreita, sem relevância para a complexa vida do ser humano.
O evangelho é o resgate da humanidade e, com ela, da história, da cultura, da economia, da política e das relações sociais. O Reino de Deus é ao mesmo tempo o resgate do homem e a instauração de uma nova sociedade.
“Quando a igreja leva a sério o fato de que foi chamada para ser ‘boas-novas’ e que cada aspecto de sua vida e missão pode contribuir, direta ou indiretamente, com a evangelização e quando tira vantagem do potencial evangelístico de tudo que ela é e faz, então a igreja experimenta uma renovação extraordinária e causa um impacto permanente em seu contexto sociocultural”. Orlando Costas
Em suma, Missão Integral tem a ver com inserção total na sociedade. Nada pode escapar aos olhos e à ação da igreja, como nada escapou aos olhos e à ação de Jesus.
E o que isso tem a ver com a arte?
Penso a arte não como um fim em si mesma. Há quem a veja assim. Gosto de vê-la como parceira na realização da missão – que é o âmago da vida de toda a igreja, ou melhor, de todos nós – o Reino chegou! Sob a perspectiva da missão integral devemos compreender a arte como uma expressão engajada e oferecida para a sociedade. Uma linguagem comunicada para a humanidade e não uma linguagem alienada da vida em sociedade. A arte que serve à missão é a arte que nasce na cultura, entre o povo, linguagem prenha de inquietudes e emoções.
A música cristã, principalmente a que se ouve na igreja hoje, é basicamente “transplantada” de outras culturas e outros contextos históricos, quer nos meios protestantes históricos quer nos pentecostais ou nos neo-pentecostais. A ênfase destas, via de regra, recai sobre assuntos escatológicos e a piedade individual. Há uma completa alienação em relação aos assuntos do cotidiano e as questões sociais, políticas, ecológicas, etc.
Precisamos caminhar no sentido de produzir uma arte que seja o resultado de uma reflexão sobre os aspectos da vida comum do homem do século XXI, sob uma perspectiva cristã e não meramente uma reflexão religiosa.
Fico imaginando o quanto poderíamos contribuir para a sociedade com manifestações artísticas que tratassem de temas como ecologia, violência, segregação racial, política, relações conjugais, namoro, criação de filhos, governo, justiça social, paz, ocupação das terras e tantos outros assuntos que são temas da Palavra de Deus. No entanto, ainda reduzimos o Evangelho a salvação de almas e a adoração, no sentido mais estreito que se possa imaginar, da alienação emocional e do distanciamento da vida como um todo.
Esse é um tema muito abrangente. É necessário que os artistas cristãos se abram para essa realidade.
Carlinhos Veiga é casado com Cláudia Barbosa e é pai de Pedro, Anna Carolina e Cezar. Pastoreia a Igreja Presbiteriana do Lago Norte em Brasília. Ligado à missão Mocidade Para Cristo há mais de 20 anos, faz parte do seu Conselho Diretor. Também participa na diretoria nacional da Fraternidade Teológica Latino-Americana. Músico, compositor e violeiro, tem 6 CDs solos gravados. Seu trabalho é voltado ao resgate da cultura brasileira.
Fonte: Cristianismo Criativo
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