Chegou Julho! Mas, calma... ainda há tempo para refletir sobre como é possível agradar a Deus mesmo em férias!
Os Dois Extremos
Por: Christopher Walker
De acordo com Watchman Nee, o lazer não pode ser um problema para o cristão consagrado. Se houver problema neste assunto, é porque há deficiência na sua consagração (Fazei Tudo Para a Glória de Deus, lição 34, Edições Tesouro Aberto). Se formos honestos, a grande maioria de nós realmente tem problemas na nossa consagração – e não só na área de lazer!
Em linhas gerais, podemos dizer que estes problemas se encontram em dois extremos opostos. O primeiro vem daqueles que consideram qualquer tipo de recreação que não tenha propósito explicitamente espiritual como inferior ou desprezível, podendo chegar até a condená-la como carnal ou pecaminosa. Criam um padrão muito elevado para si mesmos e para seus familiares, discípulos ou subordinados. Normalmente, são pessoas intensas e dedicadas que escolheram o alvo do Reino de Deus como centro de suas vidas.
Isto gera problemas sérios para a própria pessoa, porque não leva em consideração as legítimas necessidades do corpo e da alma e quebra leis e princípios instituídos pelo Criador. Isto, mais cedo ou mais tarde, acarretará sérios resultados no seu físico, na sua mente e emoções e, em última análise, até no seu espírito, pois os problemas de uma área do nosso ser acabam afetando as demais. Os efeitos são ainda maiores para as pessoas que estão no seu círculo de influência, pois além dos resultados acima, a situação se agrava ainda mais pelo fato de estarem seguindo convicções que não são suas.
O único padrão que pode ser aplicado uniformemente a todas as pessoas é o padrão da Palavra de Deus, e esta faz questão de não estabelecer regras mensuráveis ou exteriores para a maioria das situações. Deus, na sua sabedoria, estabeleceu assim, pois as pessoas diferem muito entre si e precisam encontrar individualmente, ou por família, seu próprio ponto de equilíbrio com base nos princípios fundamentais da Palavra e no seu relacionamento vivo com Jesus. Quando tentamos viver pela consciência ou pelo padrão de outra pessoa, por mais espiritual, exemplar, ou admirável que esta seja, sempre teremos sérios problemas; nossos limites ou necessidades são diferentes e estaremos agindo sem convicção própria e sem base no verdadeiro relacionamento individual com Deus.
O outro extremo é formado por aqueles que entendem que o propósito de Deus na redenção é essencialmente abençoar, libertar e dar alegria ao homem aqui e agora (além de, evidentemente, dar-lhe vida eterna no porvir). É uma nova forma de humanismo: todos os recursos de Deus existem em função do bem-estar atual do homem. Portanto, Deus não somente me liberta de vícios, escravidão ao pecado, dívidas, relacionamentos quebrados, doenças, depressões e tantas outras coisas que podem me afligir, mas também me dá plena autorização e liberdade de usar meus recursos (depois de dar dízimos e ofertas, é claro) para minha própria realização e prazer. Somente se eu estiver vivendo nesta dimensão de prosperidade e elevado nível de auto-estima é que posso afirmar que estou de posse das promessas de Deus e vivendo uma vida vitoriosa.
No primeiro extremo, praticamente não existe lazer. Tudo é dedicação, intensidade, pressão para sempre se doar e servir ainda mais em função do grande alvo espiritual. No segundo extremo, não há muita diferença entre o lazer praticado pelo cristão e o lazer do mundo. O lazer santo nesta concepção seria só a ausência de bebidas alcoólicas e outros vícios ou atividades condenadas pela igreja, mas a essência da busca pelo prazer e auto-satisfação continua igual.
Na verdade, encontramos aqui algo extremamente perigoso: no mundo, enquanto as pessoas procuram felicidade nas diversões junto com seus vícios e hábitos pecaminosos, a consciência despertada pela Palavra de Deus e pelo Espírito Santo ainda pode acusá-las e conduzi-las a um encontro com Deus e ao arrependimento; por outro lado, os cristãos que desenvolveram uma "teologia" para justificar seu dispêndio muitas vezes exagerado de tempo e recursos em benefício próprio, acabam apagando a voz da consciência e tornando-se insensíveis aos pecados mais sutis e nocivos de uma vida egoísta e centrada em si mesmo.
Aparentemente, uma pessoa nesta segunda posição está de bem com a vida, não sofre tanto com as pressões da vida, pois sabe usar o lazer, e não tem conflitos interiores com sua consciência, (que é outra grande causa de estresse), pois está usufruindo o que o próprio Deus lhe concedeu.
Está armado, então, o debate entre os dois extremos. Por um lado, pessoas que buscam uma entrega cem por cento para a causa de Deus, que sentem peso pelo sofrimento e miséria no mundo e que querem fazer parte do exército que o Senhor está levantando para preparar a igreja e o mundo para a volta de Cristo. Porém, sofrem de depressão, vivem constantemente à beira de uma crise e acabam colocando um jugo insuportável sobre si mesmos e sobre outros. E pelo outro lado, pessoas realizadas e prósperas, vencendo todos seus obstáculos, encontrando uma vida de satisfação e felicidade, mas que acabaram fundamentando suas vidas no princípio venenoso e traiçoeiro de servir a si mesmos, de "salvar sua vida" ao invés de perdê-la.
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