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quarta-feira, 24 de junho de 2009

A fama é um mal-entendido


“Quais são os famosos que vocês estão produzindo hoje?” A pergunta direta fez a farofa do frango entalar. Foi em meus tempos de ministério com a ABU, quando curtia um até então pacífico intervalo gastronômico nessa interessante conferência missionária em terras mineiras.


Ante meus olhos esbugalhados e atento a um ossinho galináceo pendurado em minha muda boca, meu interlocutor, um importante líder eclesiástico, aparentemente resolveu esclarecer sua indagação. “Digo, no passado, vemos que nomes hoje destacados, como Valdir Steuernagel e Robinson Cavalcanti, militaram nas bases da ABU. Quem são as pessoas famosas da próxima geração que vocês estão preparando hoje?”

A lembrança do episódio me remete a um excelente escritor uruguaio, Juan Carlos Onetti, que se estivesse vivo completaria seu centenário nesse ano de 2009. Dizem seus biógrafos que, para ele, a fama era obra de um mal-entendido. Em suas palavras: “A grande maioria de nossos escritores trata de alcançar o triunfo. E a esse se chega de maneira incidental e nunca deliberada. Se alcançamos o êxito nunca seremos artistas plenamente. O destino do artista é viver uma vida imperfeita.” 1

Deixo para críticos literários a avaliação se isso é algo mais do que o arroubo e o drama de um artista. Ou se há alguma verdade importante em suas palavras. Por agora, não deixo de pensar no papel dos profetas bíblicos e em seu aparente quase sempre “fracasso”.
Outros poderiam argumentar que o artista só é artista quando busca a fama e o reconhecimento público. E que talvez essa ambição seja mais comum e universal do que gostaríamos de admitir.

Pois bem, uma vez que falamos de artistas e de escritores, tomo a liberdade de abusar de sua paciência com outra citação, agora brasileira e machadiana: “Um tio meu, cônego de prebenda inteira, costumava dizer que o amor da glória temporal era a perdição das almas, que só devem cobiçar a glória eterna. Ao que retorquia outro tio, oficial de um dos antigos terços de infantaria, que o amor da glória era a coisa mais verdadeiramente humana que há no homem, e, conseguintemente, a sua mais genuína feição. Decida o leitor entre o militar e o cônego…” 2

Claro, também decida o leitor porque alguém escreve e publica sobre o assunto da fama, se não é o caso que ambiciona ser lido por muitos. Não seria essa uma contradição interna? Ou pelo menos um flerte com essa tal busca pela ‘glória temporal’?

Ou seja, isso me obriga a refletir sobre a característica própria, quer seja do artista, do escritor, do profeta, do pregador, ou da simples testemunha de sua fé em Cristo. Sobre essa que me parece ser uma obrigação inescapável, a de que vivam a expressão de seu ser e do que produzem para que todos vejam, para que esteja aí, na esfera pública.

Ora, nenhum crente em Cristo é chamado a esconder-se. Sempre deve expor tudo o que é e o que crê ao crivo do juízo público. É parte da essência de sua própria fé. Ou parte da própria identidade do profeta ou do artista.

Teria, então, razão meu nobre colega pastor que interrompeu meu seco galináceo? Creio que não. No mínimo diria que sua pergunta estava fora de foco. Isso porque penso em duas marcas necessárias do artista, profeta ou do ‘cristão comum’: integridade e compromisso público.
Primeira, a integridade que aponta à honestidade de sua própria essência interna, à fidelidade quanto à sua identidade. Para o crente, ela vem dessa convicção profunda produzida pelo chamado de seu Senhor.

E a segunda, o compromisso público que tem a ver com a ‘prova’ exterior do cumprimento de seu chamado, que por sua vez sempre deve ser vivido debaixo do olhar alheio. O chamado daquele que carrega uma verdade que só é verdade quando é contada a todos. Mas que nessa exposição corre um duplo risco: o da rejeição e o da fama.

Óbvio, ambos são riscos. A desaprovação sempre é algo sofrido pessoalmente e pode levar, ou não, à revisão de sua integridade íntima. Aquele que é rejeitado pode querer, ao fim, abandonar sua verdade em função do acolhimento alheio. Por isso mesmo trata-se de uma tentação.

E a fama também o é, na medida em que sou levado pelo deleite da glória e da aceitação, esquecendo-me que ela é muito mais fruto de um incidente, e que também pode distrair-me de minha vocação mais sublime, que nem sempre me levará ao aplauso.

“Quais são os famosos que estamos produzindo hoje?” Não sei, nem me importa a pergunta. Mas se ajudo a formar discípulas e discípulos íntegros, fiéis ao seu chamado, em lugares ou circunstâncias que pouca atenção venha a receber dos microfones e holofotes, entendo que devo estar contente. E, feliz, volto ao meu frango com farofa.

1 Oneti. Perfil de un solitário. Omar Prego Gadea, Ediciones de la Banda Oriental, 1986, p. 38.
2 Memórias Póstumas de Brás Cubas. Machado de Assis. Agradeço ao Laion Monteiro por essa citação.

Ricardo Wesley M. Borges trabalhou com a Aliança Bíblica Universitária (ABU) e agora segue com um ministério entre estudantes universitários no Uruguai, vinculado à Comunidade Internacional de Estudantes Evangélicos (CIEE). Seus artigos e histórias estão escritos no blog O sul é meu norte . É casado com Ruth, e pai de Ana Júlia e Carolina. Entre outras coisas, tem saudades da boa farofa brasileira.
Postado por Coral de Jovens - Templo Central às 13:28
Marcadores: Edificacao

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O que não pode faltar na geladeira: Frutas e algum tipo de doce (sou quase uma formiga!).

Prato preferido: Não sou fã de carnes, prefiro pratos que contenham massas e legumes, verduras, hortaliças em geral.

O que faz para relaxar: Deito e ouço música, ela me desliga do resto do mundo.

Quem você admira? Dentre várias pessoas, destaco a minha mãe, que abdicou da carreira profissional para cuidar da família. Foi um ato de coragem e amor, e ela fez isso muito bem.

O que faz nas horas vagas? Depende do momento. Se estiver em casa, leio, desenho, pinto, uso o computador, assisto filmes. Se puder sair, vou ao shopping ou visito exposições de arte.

Um medo: Não ver alguns sonhos se tornarem realidade. Seria decepcionante...

Uma lembrança de infância: Eu tinha uns sete anos, Lídia e eu fizemos umas bagunças que deixaram nosso pai bem irritado, como ele já estava de saída para o trabalho, ameaçou levarmos umas cintadas quando ele voltasse. Ficamos com medo, corremos pra casa da vovó e ela nos deu uma ideia genial (tinha que ser a vovó!). Queimamos o cinto da possível surra e o enterramos em um vaso grande de planta da nossa benfeitora! Quando papai chegou, esqueceu a promessa, mas por vários dias ele procurou o tal cinto. Mamãe e vovó guardaram o segredo e até hoje ele não sabe como o cinto sumiu!

Uma mania: Lavar as mãos sempre.

Uma viagem inesquecível: Não aconteceu, perdi a oportunidade.

Livro de cabeceira: A Bíblia, literalmente, ela está sempre ao lado do travesseiro. E, ultimamente, algumas leituras obrigatórias da faculdade.

Trilha sonora: Não tenho uma específica, mas tenho umas trezentas no computador, dos mais variados estilos e pra todos os gostos!

Eu sou péssima em... Gravar qualquer informação que possa ser um código: nomes, números, lugares etc. Dá um nó no meu cérebro!

Eu sou ótima em... Realizar atividades manuais. Deve ser coisa de artista!

Um sonho para a velhice: Desfrutar de uma boa vida com minha futura família: meu amor Alex e nossos filhinhos. Quero olhar pra trás e ver que valeram a pena as lutas, as tristezas, os desgastes físicos e emocionais, e que confiar em Deus é sempre a melhor coisa a se fazer. Quero que o Salmo 128 seja realidade em nossas vidas, para dizermos com orgulho “eu e minha casa servimos ao Senhor!”

Um arrependimento: Não ter aproveitado o momento certo para realizar algumas coisas, ter me precipitado em algumas decisões, ter calado quando eu deveria falar... Não queria tê-lo, mas enfim... O arrependimento é uma sensação que machuca!

Mulheres são... Lutadoras, determinadas e fortes quando precisam ser, em geral, sabem manter o equilíbrio e superam as dificuldades sem perder o encanto da feminilidade.

Homens são... Protetores por natureza, lutadores, de fortes decisões. Mas, também são frágeis, geralmente não aguentam a pressão emocional.

Uma frase: “Eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura” – Fernando Pessoa

Um presente: O maior de todos: a Salvação em Jesus!

Sua meta: Viver plenamente, intensamente, olhando para Cristo e fazendo a sua vontade. Saber que minha vida está nas mãos de Deus me dá esperança para seguir adiante e não desistir jamais!

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I Cor 10-31



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